terça-feira, outubro 09, 2007

Que grande oportunidade!!!!!!!


A ENTREGA DOS PORTÁTEIS...
País assistiu, há dias, a mais um «show» do governo socrático. Todos os membros do governo participaram na «distribuição» dos computadores pelo formandos das Novas Oportunidades. As capitais dos distritos deste país ficaram em festa!!! Qual campanha da Farinha Amparo ou da pasta dentífrica Couto. Um show on maior que o último Potter e só mesmo comparado às patéticas aventuras do Noddy.
360 portáteis entregues com os altos patrocínios da PT.
Claro, de quem havia de ser?
Imagine-se os custos de toda a propaganda para, antes das férias, se fazer a entrega dos computadores... Mas deixemos o show off de um Ministro da Saúde a distribuir computadores e a esquecer os encerramentos dos SAP's.
Vamos ao engodo, aliás duplo engodo.
O primeiro engodo.
A TMN e, nos próximos meses serão as outras operadoras, lucram a bem lucrar com o «negócio». Um formando «adquire» o famigerado portátil pela quantia de 150€. Mas, e há sempre um mas, lá estão as letras pequenas do contrato que dizem tudo. Fidelização à rede TMN - light - que só permite uma velocidade até 384 Kbps, ou seja pior que uma tartaruga grávida; limite de tráfego, 1Gb, atenção às conversas on-line, lá se vai o limite . Pensavam que isto era tudo de borla?
Mas, há mais.
A fidelização à TMN, de pelo menos um ano, obriga, para além de outros custos, a uma mensalidade de 15€. Ou seja os tais 150€ mais os 12 mensalidades a 15€ dá o valor de 330€. Tudo quanto o formando vai pagar à TMN e às outras operadoras. Mas, se para os formandos das Novas Oportunidades o caso nem pode parecer muito dispendioso, veja-se agora o caso dos alunos do básico e do secundário. Custo inicial do portátil, os mesmos 150€. Só que agora, as mensalidades sobem para 17€ 50 cêntimos sendo que a fidelização «aumenta» para 3 (três anos), mantendo-se a mesma banda light. Ou seja o tão anunciado portátil ficará pelos 800€, o preço de compra de um portátil sem IVA. Curiosidade das curiosidades, o custo para professor é o mesmo do aluno do básico ou do secundário. Dá para perceber? Que o governo esteja empenhado em levar a tecnologia às escolas, é de louvar. Mas, já não o é, quando não se realiza um concurso público, omitindo por completo as empresas nacionais na área da tecnologia e as universidades. Os governantes decidiram que era melhor «negociar» com a Microsoft que, por exemplo, realizar um concurso público aberto às empresas e universidades nacionais e, porque não, também aberto às empresas estrangeiras. Assim sendo, o Estado vai adquirir 240 mil licenças do Microsoft Windows Vista Home Basic e do Microsoft Office Home 2007 e Microsoft Office Student 2007. Duzentos e quarenta mil! É um número considerável. Agora imaginem que o Estado paga as cópias ao preço exorbitante do mercado. Se uma cópia do Microsoft Windows Vista Home Basic custar à volta de €200, dá um valor na ordem dos €48 000 000. Agora vamos ao Microsoft Office; se uma cópia custar, mais ou menos, €180, as 240 mil cópias custam algo como 43 200 000€. Se juntarmos tudo, dá uns assustadores €91 200 000. Tudo isto dos nosso bolsos. Fantástico!
Mas ainda há mais.
Temos a e.professores, para a qual vão ser adquiridos 150 mil computadores. Como é óbvio, os professores vão ter que utilizar o mesmo software dos alunos. Se assim for, são mais 150 mil cópias do Windows Vista e do Microsoft Office 2007. Façam as contas. Temos vários projectos portugueses ligados a software; alguns desenvolvem sistemas operativos, como é o caso do projecto Caixa Mágica. Temos a Universidade de Évora, que está por detrás do Alinex. Estes dois projectos, entre outros projectos nacionais, são sólidos, estáveis, seguros e, acima de tudo, gratuitos! Gratuitos, senhores do governo. Sabiam? Quer dizer à borla!! Não têm que pagar uma exorbitância em licenças. Se apostassem na tecnologia nacional, bem que podiam agarrar o dinheiro que ia sobrar, para apoiar a investigação científica. Não acha senhor ministro Gago? Mas para quê poupar dinheiro e ficar melhor servido... Isso são coisas de países de terceiro mundo. Nós, em Portugal, gostamos de ter um programa chamado Novas Oportunidades, mas não as gostamos de dar. Fica só o nome, porque é show off. Portugal não tem necessidade de dinamizar a economia nacional; a nossa economia é a mais sólida da Europa, não precisamos de investimento nacional. Não precisamos de apoiar os nossos investigadores. A parceria com a Microsoft não é à toa. Não se esqueçam que Portugal detêm a presidência europeia e que a Microsoft tem tido bastantes problemas com a UE. Não é preciso ser um geek nem um nerd, nem sequer um wanna be para perceber quem ganha com todo este «esquema» das oportunidades.
Segundo engodo .
O governo vem dizer que o projecto Novas Oportunidades é um desafio de qualificação. Qualificação? O insucesso de certas políticas é condição de sucesso de outras... Nada se cria, nada se perde... O incentivo «Novas Oportunidades» não é mais do que uma forma de retirar pessoas ao mercado de trabalho, reduzindo o número de desempregados efectivos, permitindo ao Governo apresentar gráficos com descida da linha do desemprego, o que não significa directamente que o número de empregos subiu, ou mesmo o PIB.
Que qualificação?
Um processo «baseado» num, e passo a citar informação sobre Novas Oportunidades, «Desenvolvimento de um sistema baseado num Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) é um processo através do qual são reconhecidas as aprendizagens que os adultos desenvolvem ao longo da vida, nos vários contextos em que se inserem, desde que sejam passíveis de gerar conhecimentos e competências. Através deste procedimento, os interessados podem aceder a um certificado, emitido com base no que aprenderam pela experiência de vida, fora dos sistemas formais de educação e formação. Pretende-se, desta forma, aumentar o nível de qualificação e de empregabilidade dos adultos activos, incentivar a formação ao longo da vida e promover o seu estatuto social». Ou seja, um sistema de ensino dentro de outro sistema de ensino, com claro prejuízo da qualidade. Obter um certificado do 9.º ano ou do 12.º ano com base no «percurso de vida» é no mínimo comparável à quarta classe de adultos, de há uns anos atrás. Qualificar o quê e quem? Vamos, seguramente, passar de um país de baixa escolarização, para um país de péssima qualificação. Quem ganha com tudo isto? A propaganda governamental, que vai apresentar na UE valores fictícios da escolaridade dos portugueses; as empresas «amigas» que «facilitam» a tecnologia; os números do desemprego que baixam «artificialmente» para glória do «estado da nação». Continuaremos a ser um país de mão-de-obra pouco ou nada qualificada, que servirá apenas interesses de empresários habituados à exploração da força humana e pouco ou nada interessados em massa cinzenta crítica, inventiva e participativa. Os licenciados e os realmente qualificados, para esses o desemprego ou a fuga para outras paragens será a solução. Não interessam às empresas e muito menos são considerados nas «Oportunidades»

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