segunda-feira, janeiro 19, 2009

Escolas sem aulas e a funcionar a meio gás em todo o País no início da manhã

11h18m
jn

Escolas de todo o país começaram o dia sem aulas ou a funcionar a meio gás por causa da greve de professores, constatou-se numa ronda por diversos estabelecimentos de ensino.

Na secundária Jaime Cortesão, em Coimbra, por exemplo, onde esteve Mário Nogueira, o porta-voz da plataforma sindical que convocou o protesto, não houve aulas no início da manhã e os poucos alunos que estavam na escola às 08:30 preparavam-se para regeressar a casa.

Também na EB 2/3 D. Afonso III, em Faro, onde estudam cerca de 600 alunos, só houve uma aula à primeira hora. Dezenas alunos estavam concentrados no exterior da escola, assegurando não ter aulas. Nas grades que cercam o recinto, está colado um cartaz onde se lê: "Professores e educadores todos juntos em luta por um estatuto profissional digno e valorizado".

Ainda em Faro, na escola básica do Carmo também só um dos seis professores que habitualmente dão aulas logo de manhã estava hoje na escola.

Em Torres Vedras, a escola Secundária Madeira Torres está encerrada. A outra secundária da cidade tem as portas abertas, mas há muitos alunos sem aulas.

Lisboa a meio gás

Em Lisboa, na secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, o cenário encontrado pela Lusa à mesma hora era semelhante: uma parte dos alunos tiveram mesmo de ficar na escola, porque muitos professores decidiram não fazer greve. Um funcionário da escola disse à Lusa que o parque de estacionamento costuma estar cheio logo de manhã, mas hoje tem apenas metade dos carros do que é normal.

Ainda em Lisboa, a secundária do Restelo está aberta, mas a Lusa encontrou muitos alunos no recinto sem aulas.

Em Leiria, as principais escolas secundárias da cidade encontram-se de portas abertas, mas não a funcionar normalmente, devido à greve dos professores.

O mesmo sucede nos concelhos da Marinha Grande e Alcobaça. Neste último, fonte do conselho executivo da Secundária D. Pedro I informou que dos quase cem professores do estabelecimento, "50 por cento estão a fazer greve".

Já o Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) fez àquela hora um "balanço positivo". A coordenadora do Executivo Distrital de Leiria, Ana Rita Carvalhais, adiantou à agência Lusa que pelo menos um estabelecimento de ensino - a EB 2,3 com Secundário da Maceira -, no concelho de Leiria, tinha uma adesão de 100 por cento à greve, taxa registada às 08:30.

A responsável acrescentou que "as escolas do 1º ciclo de Outeiro da Ranha e Meirinhas (Pombal), Maceirinha e A-dos-Pretos (Leiria), e São Martinho do Porto (Alcobaça) estão encerradas".

Ainda em São Martinho do Porto, "a EB 2,3 com Secundário regista uma adesão de 91 por cento, enquanto na EB 2 Padre Franklin, na Marinha Grande, 70 por cento dos professores não compareceram à escola".

Em Santarém, a EB 2,3 Alexandre Herculano está encerrada devido à greve dos professores, entendendo o Conselho Executivo que não tem condições para manter os 659 alunos na escola.

A presidente do Conselho Executivo Maria João Igreja, ela própria em greve, permaneceu ao portão do estabelecimento até cerca das 08:45, contabilizando o número de professores que apareceram ao primeiro tempo de aulas para tomar uma decisão quanto à abertura ou não da escola.

"Esta é uma decisão difícil. É preciso perceber se tenho condições ou não para acolher os alunos. Mesmo que tenha 10 professores ao primeiro tempo, o que lhes faço nas horas seguintes?", disse à agência Lusa.

Apenas três professores com turma atribuída atravessaram o portão, confessando que não faziam greve, uma delas, com apenas algumas horas lectivas, desabafando que o fazia "por questões financeiras". Além destes, entraram mais dois professores sem componente lectiva.

Com muitos alunos das freguesias rurais, dependentes do transporte colectivo, o Conselho Executivo solicitou a passagem dos autocarros para os levarem de regresso a casa, não havendo praticamente alunos à porta da escola às 09:00.

Ainda em Santarém, além desta escola, também a EB 2,3 Mem Ramires decidiu encerrar as portas. Na secundária Dr. Ginestal Machado, ao primeiro tempo a adesão à greve rondava os 89 por cento, com a presença de apenas sete dos 60 professores com aulas às 08:30, mantendo a escola, frequentada por cerca de mil alunos, as portas abertas.

Na Região Norte, a greve de professores de hoje está a registar uma adesão similar à de 03 de Dezembro, segundo os primeiros indicadores recolhidos pelos sindicatos.

"A primeira impressão colhida é a de que há uma fortíssima adesão à greve, a níveis muito próximos - mais ponto, menos ponto - dos atingidos em 03 de Dezembro", disse à Lusa a coordenadora do Sindicato dos Professores do Norte, Manuela Mendonça.

Referindo-se a algumas escolas do Porto, Manuela Mendonça disse que estão sem aulas a EB 1 João de Deus e a secundária Clara de Resende.

Os professores realizam hoje mais uma greve, em protesto contra o modelo de avaliação de desempenho e o Estatuto da Carreira Docente, estimando os sindicatos uma adesão superior a 90 %, à semelhança da registada a 03 de Dezembro.

Na última paralisação nacional de docentes, os sindicatos apontaram uma adesão na ordem dos 94 por cento, enquanto segundo os números avançados pelo Ministério da Educação não foi além dos 66,7 %, valor que a tutela considerou "significativo".

jn

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