segunda-feira, janeiro 19, 2009

Pressão para impôr modelo de avaliação é «inaceitável»

O porta-voz da plataforma sindical dos professores, Mário Nogueira, disse hoje ser «inaceitável no plano democrático as pressões e ameaças» do Ministério da Educação para impor o seu modelo de avaliação dos docentes
«O Ministério da Educação enganou-se e vai enganar-se cada vez mais. Os professores responderão sempre mantendo aquilo que são as suas posições. O apelo que fazemos é que não apenas suspendam o modelo, como não entreguem objectivos individuais, que os sindicatos darão todo o apoio para que o façam», sublinhou. aOs professores realizam hoje mais uma greve, em protesto contra o modelo de avaliação de desempenho e o Estatuto da Carreira Docente.Na última paralisação nacional de docentes, a 3 de Dezembro, os sindicatos apontaram uma adesão na ordem dos 94 por cento, enquanto segundo os números avançados pelo Ministério da Educação não foi além dos 66,7 por cento, valor que a tutela considerou «significativo».Mário Nogueira, que hoje visitou duas escolas de Coimbra, sustentou que nos níveis de adesão à greve atingidos às primeiras horas da manhã, superiores a 90 por cento, está também presente uma reacção ao modelo de avaliação.Também a presidente do Conselho Executivo da Secundária Jaime Cortesão, uma das escolas que Mário Nogueira visitou e que estava totalmente parada, disse não a surpreender o nível de adesão à greve.«Nunca conseguimos tal adesão à greve. É a prova de que os professores têm razão», sublinhou Lucinda Henriques, ao estabelecer um paralelismo com paralisações anteriores na sua escola, que rondavam os 50 a 60 por cento de adesão.Na perspectiva da responsável, o «Ministério da Educação tem de ser responsabilizado por não se abrir a discutir uma verdadeira avaliação», porque aquela que os docentes querem, com a componente científico-pedagógica, não está contemplada na versão actual.Na outra escola visitada pelo dirigente sindical, o Agrupamento Dra. Maria Alice Gouveia, os professores leram uma moção em que revelaram ter decidido por unanimidade «não desenvolver quaisquer procedimentos de avaliação de desempenho, nomeadamente a formulação de propostas de objectivos individuais».«É inaceitável, não tem cariz formativo, não promove a melhoria das práticas pedagógicas. Apenas está centrado na seriação de professores para efeitos de gestão da carreira», sublinham, acrescentando que as alterações recentemente introduzidas «mantêm alguns dos aspectos mais contestados, e outras são meramente conjunturais».Para Mário Nogueira, «os professores sabem que o problema da avaliação este ano não é um problema socioprofissional», pois «está salvaguardado que se um professor tiver insuficiente ou regular este ano não produzirá efeitos a nível da carreira».«O que os professores sabem é que neste modelo, apesar dos procedimentos simplificados, não se altera em nada a sua essência. É um modelo burocratizado, incoerente, desadequado, que tem quotas», afirmou. Na sua perspectiva, a simplificação de procedimentos «pretende apenas atingir o objectivo de conseguir que vá para a frente. Por isso, os professores vão continuar a suspender este modelo de avaliação».
Lusa/SOL

Sem comentários: