segunda-feira, janeiro 19, 2009

PROFESSORES: VIVER OU MORRER!

Esta semana começa a ser decisiva para os professores. A escolha é entre viver e morrer. E esta opção é apresentada por todos os intervenientes mais directamente implicados no processo de avaliação de desempenho destes profissionais. O Ministério de Educação, depois dos recuos e da ratificação pelo Presidente da República do novo decreto de avaliação...
…esticou o dedo indicador e declarou que os docentes e conselhos executivos estão obrigados a cumprir os normativos. Os que derem cumprimento «às tábuas da lei», que, afinal já não têm «dez mandamentos» mas quiçá os 5 da «santa madre», se resumem a uma auto-avaliação, ao sabor de cada um, e que, por isso, não lhes trará este ano sequer uma gripezinha, entrarão no reino dos céus, onde encontrarão à sua disposição as delícias angélicas - pãozinho barrado com queijo Philadélphia, por exemplo, mas nunca uma virgem (eles) ou um gigolô (elas). (Bem pior era, no Antigo Egipto o «julgamento de Osíris» que confrontava o penitente com um pena como medida para julgar as suas acções). Caso os potenciais avaliados não se apresentem vestidos a rigor e prontos para confessarem as suas «boas obras» o castigo será o «fogo eterno onde só haverá choro e ranger de dentes», coisa muito próxima da que estava reservada aos antigos sumérios no pós-morte, a quem só se destinava uma «vida» de sofrimento no Além. Os sindicatos, firmes nos seus propósitos, convidam, agitando a suas bandeiras, os professores a segui-los seja na subida ao Evereste, seja na caminhada até ao âmago de um vulcão onde dada um, heroicamente, se poderá lançar no calor e destruição infernal. No primeiro caso, escorregando, poderão alegremente ouvir partir os seus ricos ossinhos nas pedras duras e afiadas; no segundo caso poderão adquirir o conhecimento científico de como se esturrica carne no magma incandescente. Em qualquer das situações os sindicatos garantem a cura total a todos. Uns têm a promessa de que farão uma óptima recuperação no Alcoitão e, no segundo caso, os todos ressuscitarão das cinzas, ao sétimo dia, inteiros, renovados, quase semi-deuses. Os movimentos independentes, como os sindicatos, garantem que não é suicídio qualquer uma das opções propostas É que chegou o tempo da verdade ou seja o momento da imolação. Desde logo, esta palavra assusta. Há os que não têm medo de caminhar para a morte. Há os que, diz-se, hesitam. Muitos destes pensam na casa, no carro, nos filhos, na crise, nas ameaças do Ministério, na demissão, e, quando o desemprego a longo prazo é um dinossauro de boca aberta e com os dentes afiados, o problema é complexo. Talvez se possa dizer que o momento é dramático. Faz-me lembrar S. Pedro quando negou Cristo. Este é pois o momento crucial. É necessário escolher entre viver e morrer. É tempo de salvar a pele. O problema e não se saber qual é o lado que amanhã nos trará a glória. Agora, escolha pertence a cada um. Habilitem-se. Habilitem-se a uma ou outra coisa.
NOTAS:
1- A avaliação de professores tem mobilizado os partidos políticos de forma diferente. Na semana passada, na votação da suspensão da avaliação dos professores, deputados houve que continuaram a dizer , em voz alta , que o importante não é o País é o interesse da sua bandeira. Nós sabemos que é assim. Foi só uma confirmação. Estando em causa um problema da Escola Portuguesa, cada partido escolheu os seus interesses. É de sublinhar que apenas um partido – o Bloco de Esquerda - tinha um projecto alternativo ao do Governo. Ou outros … já perceberam… queriam só salvar a sua pele. Triste, não?
2 - O Governo, pelo Secretário de Estado, ameaça os professores com processos e demissões e a Direcção Regional de Educação de Lisboa avança( DN de dia 10) com a informação de que “não serão abertos processos disciplinares aos avaliados que não entreguem os objectivos individuais”. “Apenas os avaliadores estão sujeitos ao dever de zelo”. Segundo o juiz-conselheiro Guilherme da Fonseca até pode haver processo disciplinar, mas “dificilmente poderá dar lugar a uma condenação do avaliado”. Uma Babel!
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