segunda-feira, janeiro 19, 2009

A primeira avaliação da guerra da avaliação

Hoje pode ser o dia D para a luta dos professores portugueses contra a avaliação. Depois dos recuos do ministério - que se recusa a falar em recuos - e da promulgação do regime simplifcado pelo Presidente da República, o movimento ficou sem grande margem de manobra. Foi, também ele, recuando para os redutos mais radicais da luta. E é essa radicalização que hoje será avaliada. É óbivo que o ambiente e a opinião pública já mudaram - se é que alguma vez estiveram do lado dos que não pretendem nenhum tipo de avaliação. Resta agora perceber que efeitos que isso teve nos próprios professores - são 140 mil ao todo, e desses muitos há que precisam da avaliação deste ano para subirem de escalão, outros haverá que estão cansados (económica e psicologicamente) desta luta tão comprida.Em todo o caso, até ao final do ano, que é como quem diz até ao final da legislatura e eleições, haverá dois números-chave para a ministra da Educação e para todo este processo. Um será a adesão da greve de hoje. Aqui, os sindicatos levam uma certa desvantagem analítica, porque este estará sempre em comparação com o estrondoso número da greve de Dezembro. O outro número é mais real: será no final deste mês quando se souber quantos professores entregaram os objectivos individuais para serem avaliados. Esta equação permitir-nos-á avaliar, com toda a certeza, quantos professores já estão contentes com o modelo simplificado, quantos querem de facto ser avaliados. E no final se perceberá quam ganhou esta guerra. Se os professores ou o ministério. Ou ainda, e mais importante, os alunos. Paulo Portas bem pode apelar ao voto do centro-direita e dos "descontentes" com o socialismo. Bem pode bramar que não quer ser "muleta de ninguém". Mas falta-lhe a frase mágica - 'em nenhuma circunstância faço acordos com o PS'. Sem ter dito essa frase, todas as dúvidas se tornam legítimas. Nas Caldas da Rainha, Portas deixou entreaberta a porta de um acordo, seja com quem for, caso a maioria que saia das
PS. Normalização de relações com sindicatos, casamentos entre homossexuais, fim dos offshores, regionalização... Tudo questões ideológicas... à esquerda. Aliás, o líder do PS não esconde que se candidata em defesa dessas bandeiras. Aparentemente, um eventual entendimento com o CDS parece inviável. Mas em política tudo é relativo tal como as maiorias. E se as sondagens estiverem certas, Paulo Portas pode bem ser a chave da estabilidade socrática.
DN- 19/01/09

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