domingo, novembro 09, 2008

Sindicatos anunciam maior greve de sempre para 19 de Janeiro

Por Margarida Davim com Andreia Félix Coelho

O dirigente da Fenprof, Mário Nogueira, anunciou perante os milhares de professores concentrados na Baixa lisboeta que o dia 19 de Janeiro será marcado pela maior greve nacional de sempre. O protesto deste sábado arrancou do Terreiro do Paço rumo ao Marquês de Pombal e contaram-se milhares de pessoas entre estes dois pontos, sendo quase impossível circular

Mário Nogueira subiu ao palco da manifestação de hoje e anunciou que no dia 19 de Janeiro assinalar-se-á o Dia Nacional de Luto dos Professores e Educadores Portugueses porque contam-se dois anos sobre a publicação do Estatuto da Carreira Docente. Nesse dia, garantiu o dirigente sindical, vai haver greve nacional de todos os professores, que será a maior de sempre e que vai encerrar todas as escolas portuguesas.

Os sindicatos anunciaram também que vão suspender a participação sindical na comissão paritária de acompanhamento da avaliação dos professores.

Os docentes vão ainda ter novos protestos de rua na última semana de Novembro: Haverá manifestações em todas as capitais de distrito. A 25 será no Norte, a 26 no Centro, a 27 na Grande Lisboa e a 28 no Sul.

Os sindicatos vão também pedir reuniões com todos os grupos parlamentares da Assembleia da República.

Ainda durante este ano lectivo os docentes vão fazer uma marcha nacional pela Educação na qual juntarão alunos, pais, pessoal docente e não docente.

«É bom estarmos aqui mais do que estivemos em 8 de Março», afirmou Mário Nogueira. Para o dirigente sindical, «o país não pode continuar a ignorar o que se passa na Educação».

Em relação à actuação do Governo, Mário Nogueira afirma que os governantes de Sócrates «preferiram sempre a via do confronto e do conflito». «São muitas as razões que nos trazem para a rua, e todas jorram de uma só fonte: a política educativa de Sócrates», concluiu.

Ouviram-se muitas vaias cada vez que o nome de Sócrates e da ministra da Educação eram proferidos e uma grande vaia quando se fez referência ao computador Magalhães. Mário Nogueira sublinhou: «Tenham calma que o Magalhães não faz parte do Governo».

O Terreiro do Paço continua totalmente cheio de professores e a Rua do Ouro está já repleta com milhares de professores. Há ainda autocarros a caminho, por isso prevê-se um protesto em massa. As autoridades pedem já aos manifestantes para ocupar as ruas laterais.


Carlos Chagas, dirigente do Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), afirmou também no seu discurso que «esta é uma grandiosa manifestação para que haja democracia em Portugal. À ministra da Educação exigimos o direito de sermos professores».

Chagas fez ainda uma referência ao memorando de entendimento entre a ministra e sindicatos assinado após o último protesto de professores: «Estamos aqui hoje porque fomos ludibriados pela ministra. Esta ministra não trabalha para a Educação, mas sim para a propaganda do Governo e para as estatísticas internacionais. Vamos lutar por um modelo de avaliação justo! Ninguém vai parar os professores de Portugal!».

Palavras de ordem não podem faltar em qualquer protesto e neste os alvos são Maria de Lurdes Rodrigues e José Sócrates: «A ministra quer poupar, nós queremos ensinar!» ou «Para o Sócrates ditador, a escola não tem valor!».

Na manifestação marcou presença o PCP, representado pelo líder da bancada parlamentar, Bernardino Soares, Jorge Pires, da Comissão Política e pelos deputados Manuel Tiago e António Filipe.

Ao SOL, Jorge Pires afirmou: «O PCP, ao longo destes últimos anos tudo tem feito na defesa da escola pública. Não podíamos deixar de estar presentes para dizer aos professores que podem continuar a contar com o PCP».

Jorge Pires considerou ainda que «o primeiro-ministro tem de tirar ilações políticas desta manifestação», mas os comunistas não exigem a demissão da ministra Maria de Lurdes Rodrigues. «Não é essencial a demissão, é preciso mudar a política. Na Saúde mudou o ministro, mas está tudo igual. A arrogância e a prepotência têm limites e há-de chegar um momento em que não vão resistir a este movimento de força».

Um acidente na auto-estrada do Norte ao início da tarde fez com que vários autocarros com professores chegassem bastante atrasados ao protesto. Segundo a organização tratava-se de cerca de três quilómetros de fila que, entretanto, ficou resolvida.

A Tuna Académica da Universidade de Coimbra actuou antes dos discursos dos sindicalistas.


margarida.davim@sol.pt

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