domingo, novembro 09, 2008

Terreiro do Paço ocupado por milhares de professores


08.11.2008 - 16h00 Cláudia Bancaleiro, com Lusa
Cerca de uma hora depois do início marcado para a manifestação nacional de professores, eram milhares os docentes que ocupavam o Terreiro do Paço, em Lisboa, e que se preparavam para arrancar no desfile contra as políticas de educação do Governo até ao Marquês de Pombal. A Fenprof, uma das estruturas sindicais que participa no protesto, diz que a ministra da Educação e o primeiro-ministro “têm boas razões para estarem nervosos”.

Ainda sem números oficiais sobre os participantes na manifestação, a ocupação do Terreiro do Paço é total, continuando a chegar ao local centenas de professores, que neste protesto se fazem também acompanhar por alguns familiares. Alguns autocarros são ainda esperados na capital, lotados por docentes que querem expressar o seu descontentamento ao ministério de Maria de Lurdes Rodrigues.

"Noto que já ninguém trabalha com alegria. A burocracia é santa, já não temos tempo para nos dedicarmos aos alunos, que é a nossa missão principal., Por isso viemos aqui pedir que nos deixem ser professores", disse à Lusa Conceição Guimarães, educadora de infância no Porto há 32 anos.
Além de professores, estão também familiares dos docentes, como Franquelim Fernandes, de 85 anos. "Sou pai e avô de professores e vim hoje de propósito de Esposende para ajudar os meus familiares e dizer ao país que os professores estão a ser maltratados", defendeu à agência.

Na última hora, seguem-se os discursos de dirigentes sindicais. Antes do protesto, em declarações à TSF, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, que também vai falar no palco montado no Terreiro do Paço, disse que não estar nervoso com esta manifestação, mas que a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e o primeiro-ministro, José Sócrates, é que têm motivos para tal. “Eu não estou nervoso. Quem deve estar nervosa é a ministra da Educação e o primeiro-ministro a verem tantos professores na rua”, afirmou.

Esta manifestação nacional segue-se à "Marcha da Indignação" que decorreu há exactamente oito meses e na qual participaram 100 mil professores, tornando-se num dos protestos mais participados no país nas últimas décadas. Para hoje, os sindicatos esperam uma adesão "semelhante ou superior" à de 8 de Março.

Na origem da manifestação de hoje estão questões que nos últimos meses têm indignado os docentes, nomeadamente a avaliação de desempenho, o concurso de colocação de professores, os horários de trabalho e o novo regime de gestão e administração escolar, ou ainda o Estatuto da Carreira Docente.

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