terça-feira, novembro 04, 2008

Metade das escolas suspenderam ou vão suspender a avaliação


Minsitério da Educação garante que a avaliação "está a avançar" nas escolas

04.11.2008 - 12h27 Natália Faria
Sindicatos confiam que manifestação de sábado vai superar a de Março, quando mais de 100 mil professores saíram à rua em protesto

Mais de 150 escolas já suspenderam o processo de avaliação imposto pelo Ministério da Educação. E, segundo a Fenprof, mais 450 escolas estão a recolher assinaturas para travar o processo, somando-se a estas outra centena de escolas que "optaram por adiar consecutivamente os prazos, fazendo com que, na prática, a avaliação não esteja a avançar", segundo Francisco Almeida, daquela federação.

Num universo composto por quase 1200 escolas do básico e secundário, a Fenprof conclui assim que "mais de metade está a recusar-se a avançar com um modelo de avaliação do desempenho docente que, além de mau, é inexequível".

Ao PÚBLICO o assessor de imprensa do Ministério da Educação (ME) afirmou apenas que "a avaliação está a avançar nas escolas, com calma e serenidade".

A Fenprof, por seu turno, diz ver nesta recusa das escolas um sinal de que o protesto marcado para sábado vai superar a manifestação de 8 de Março, que levou perto de cem mil professores à rua.



Mais autocarros alugados

"De norte a sul do país, estamos a ter mais autocarros alugados do que na última manifestação", disse Francisco Almeida, notando que o aumento das inscrições levou a organização a mudar o itinerário: a partida mantém-se da Cidade Universitária, mas o destino passa a ser a praça dos Restauradores, e não as portas do ME.

Com milhares de professores outra vez na rua, o dirigente da Fenprof diz-se convencido de que a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, será obrigada a recuar no modelo de avaliação imposto às escolas, apesar de ter avisado, na sexta-feira, que os professores que não se sujeitarem à avaliação não vão progredir na carreira.

"A ministra não terá condições para concretizar uma ameaça deste tipo, porque não estamos a falar de meia dúzia de professores mas de milhares", diz Almeida. E acrescenta: "Na última manifestação, a ministra também disse que não ia mudar nada, mas depois viu-se obrigada a assinar um memorando em que suspendia a avaliação do desempenho para a maioria dos professores e a colocava em regime experimental este ano lectivo."

Preferindo não arriscar números quanto às escolas que suspenderam ou deliberaram suspender a avaliação, a Associação Nacional de Professores (ANP) deverá hoje divulgar um comunicado apelando à adesão à manifestação, porque "a situação não se alterou desde Março", justificou João Grancho, porta-voz da ANP.

E porque "há escolas que faltaram à manifestação de Março mas que se estão a mobilizar para o protesto de sábado", Grancho também diz acreditar numa afluência superior: "Longe de ter dissuadido os professores, a coacção do ministério o que fez foi alastrar o descontentamento."

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