sábado, novembro 08, 2008

Número de professores reformados aumentou 35% este ano

Os professores estoiraram", asseguram os sindicatos, alegando que o aumento das reformas, em grande parte antecipadas, se deve aos "níveis elevadíssimos de insatisfação profissional".


16:45 | Sexta-feira, 7 de Nov de 2008

Mais de 5.100 professores reformaram-se este ano, o que representa um aumento de 35% relativamente a 2007, de acordo com dados da Caixa Geral de Aposentações (CGA).

Só no próximo mês, 531 docentes vão abandonar o ensino. No final do ano, serão 5.106 os que deixaram de dar aulas: "Os professores estoiraram", asseguram os sindicatos, alegando que o aumento das reformas, em grande parte antecipadas, se deve aos "níveis elevadíssimos de insatisfação profissional".

Em média, 425 professores reformaram-se por mês, mais 110 do que no ano passado. Este mês bate todos os recordes: até 31 de Novembro, 710 passam à aposentação.

"Preferem ir para a reforma, mesmo com penalizações, porque estão descontentes com as políticas educativas que os remetem para tarefas burocráticas e administrativas, retirando-lhes tempo e condições para trabalhar com os alunos", afirma João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE).

Em declarações à Lusa, também o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, garante que é "cada vez mais insuportável para os docentes aguentar o que se está a passar nas escolas".

"Quando ainda falta meia dúzia de anos para a aposentação, muitos já estão a fazer contas. Os professores estão numa situação de desgaste muito acentuado do ponto de vista físico e psicológico. Há muita gente que estoirou", afirma.

"O aumento de 35% relativamente ao ano passado não acontece, obviamente, porque a classe docente envelheceu de um ano para o outro. Deve-se em grande parte às reformas antecipadas. Para o Governo é bom porque os professores saem mais barato à CGA, graças às penalizações", acusa Mário Nogueira.

Este ano, quase 22.000 funcionários públicos vão aposentar-se, mais 35,2% que em 2007, de acordo com as contas que a Lusa efectuou com base nas listagens mensais da CGA.

A Educação é o Ministério que mais funcionários públicos vai "perder" para a reforma, com um total de 7.471 trabalhadores, o que representa um aumento de 2.266 funcionários (43,5%) relativamente ao ano de 2007, e de 833 (12,5%) face a 2006.

Ou seja, em três anos, aposentaram-se um total de 19.314 funcionários do Ministério da Educação.

No início de Outubro, o secretário de Estado da Educação Valter Lemos atribuiu o crescimento das reformas entre os professores a alterações à lei: "Como toda a gente sabe houve uma alteração à lei das reformas. A idade da reforma aumentou e naturalmente aconteceu em todas as profissões um aumento de pedidos de reformas antecipadas".

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