segunda-feira, novembro 03, 2008

Professores “chumbam” teste da ministra da Educação

Perto de três centenas de professores evidenciaram, ao final da tarde de sábado, no Largo da Misericórdia, a sua insatisfação pelo processo de avaliação imposto pelo Ministério da Educação. A manifestação nacional dos professores segue dentro de momentos, em Lisboa.

Foi entre músicas de Zeca Afonso interpretadas pelo trio Francisco Fanhais, Pedro Fragoso e Pedro Branco, no gélido fim de tarde de sábado, e no mal iluminado Largo da Misericórdia, que perto de três centenas de professores do ensino básico e secundário se manifestaram.

Jaime Pinho foi o professor de serviço. Aliás, este docente foi o mentor desta acção de protesto contra a política de avaliação dos professores, implementada pela ministra da Educação, à qual os professores respondem com um rotundo ‘chumbo’, apelando ao bom senso da ministra para fazer marcha-atrás.

“Esta manifestação é resultado de um grupo expontâneo de 35 professores de várias escolas e graus de ensino dos concelhos de Setúbal e Palmela, e que, em poucos dias, fomos passando a palavra para nos reunir aqui hoje,” disse Jaime Pinho, que resumiu o que está em causa: “A avaliação que pretendemos tem de ir ao encontro dos direitos e necessidade dos alunos, e tem de promover uma escola que aposta na formação plena e equilibrada dos cidadãos.”

Entre os presentes, encontrava-se o professor Constantino Piçarra, da escola de Ourique que, em finais de Setembro, deu início ao movimento da escola pública. “Este modelo de avaliação está tecnicamente mal concebido, e implica uma situação insustentável nas escolas. Nós temos o dever de ensinar e, com este sistema de avaliação do Governo, essa obrigação é ofuscada, porque entramos em devaneios legislativos” alerta.

De entre as questões, este docente pergunta à ministra da Educação: “é mais importante os professores debaterem os problemas dos seus alunos, ou andarem de braço dado com o Ministério, armados em legisladores para porem em prática um sistema de avaliação que, ainda por cima, objectiva que 75 por cento não atinja o topo da carreira?”

Outra voz no microfone do Largo da Misericórdia foi a de João Trigo, do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa. “As questões do estatuto da carreira docente e da avaliação do desempenho preocupam grandemente a classe, a que a ministra insiste com a prática do medo, mas verifico que os professores estão unidos e não aceitam tal situação,” disse.

Paulo Guinote, professor e reconhecido bloguista, deixou à plateia de colegas dois pedidos: “Unidade e dignidade da classe.” Informando haver moções para suspensão deste processo em mais de meio milhar de escolas do país, Guinote apelou para a continuação desta luta: “Que cada um e todos juntos saibamos agir em conformidade”.

Teodoro João

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