sábado, novembro 08, 2008

"Situações resolvidas com estalo agora são resolvidas com faca"

Ensino. Coordenador do Observatório da Segurança Escolar diz que o problema é a venda de armas

"Situações resolvidas com estalo agora são resolvidas com faca"

Os pais dos alunos da Escola Básica 118 do Alto da Ajuda, em Lisboa, fecharam ontem a escola contra a falta de segurança das crianças e alegadas agressões dos estudantes mais velhos. Na terça-feira, um desentendimento entre colegas da Escola Básica 2/3 de Alcabideche resultou em três facadas num deles. Há 15 dias, um aluno da Escola Básica 2/3 Lindley Cintra, no Lumiar, levou uma facada quando jogava básquete num campo nas imediações. E o chefe de gabinete do ministro da Justiça pediu mais "autoridade e disciplina nas escolas", para combater a violência.

Pedro Duarte Silva, chefe de gabinete do secretário de Estado adjunto e da Justiça, presidia à abertura do Congresso sobre Estilos de Vida e Comportamentos Aditivos, ontem, sobre os problemas de violência infantil, adolescente e adulta. "Nas escolas (...) a autoridade e a disciplina têm de estar presentes, (...) a não violência de uns não pode facultar terreno para a violência de outros", cita a agência Lusa.

A preocupação não parece estender-se ao Ministério da Educação, cuja assessoria desvaloriza os recentes casos de violência envolvendo alunos. O mesmo acontece com o coordenador do Observatório da Segurança Escolar, João Sebastião. No entanto, este admite que há uma maior agressividade nos confrontos entre estudantes.

"Situações que, em tempos, eram resolvidas com um estalo ou um pontapé, agora são resolvidas com uma faca ou pistola", diz João Sebastião, criticando: "Não percebo como é que se continuam a vender armas brancas, proibidas legalmente." A maioria das armas que tem encontrado nas escolas parte da denúncia de alunos e funcionários e "são uma minoria os casos em que são usadas com o objectivo de atingir", sublinha o sociólogo.

Os responsáveis da PSP pela Escola Segurança não têm a percepção de que esteja a aumentar a violência escolar, embora esteja por fazer o levantamento exaustivo das últimas ocorrências.

Os pais da escola da Ajuda é que se cansaram de esperarem por uma resposta contra a violência que dizem sentir no interior da escola e que, segundo eles, é exercida por alunos mais velhos. Fecharam a escola com cadeados, rapidamente retirados pelos bombeiros, mas que serviu para atrair a atenção da Equipa de Missão para a Segurança Escolar, com quem agendaram uma reunião na próxima semana.|

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