sábado, novembro 08, 2008

PSD defende suspensão da avaliação dos professores

00h29m
ALEXANDRA INÁCIO
Oito meses depois, os professores voltam à rua e, novamente, de forma massiva. Manuela Ferreira Leite apoiou a suspensão da avaliação. O Governo acusou-a de dar uma "cambalhota" em relação a Março.

"O PSD defende a suspensão imediata deste modelo de avaliação", afirmou ontem Manuela Ferreira Leite. Em Março, no entanto, antes da Marcha da Indignação, a antiga ministra da Educação disse que "daria um voto negativo" a José Sócrates se ele recuasse. Pedro Silva Pereira, ministro da Presidência, acusou mesmo a actual líder do PSD de dar uma "cambalhota" por "desespero".

Em Março, recorde-se, Luís Filipe Menezes pediu para ser recebido pela Fenprof e também apoiou se colocou ao lado dos professores. Ferreira Leite criticou. Ontem, reuniu-se com professores social-democratas, dirigentes sindicais, na sede do PSD, como João Dias da Silva, da FNE.

Se há oito meses, Ferreira Leite "aconselhou" a ministra da Educação a analisar "aspectos injustos" da reforma e não tornar a avaliação burocrática, ontem, defendeu que o modelo está assente "num esquema de tal modo burocrático que está a criar enorme perturbação nas escolas".

Os argumentos da líder do PSD coincidem com os defendidos pelos sindicatos ou professores que assinam documentos a reclamar a suspensão do processo nas escolas. Aliás, o discurso esteve em sintonia não só com as queixas como com as exigências: defende que o modelo deve ser já renegociado e propôs um regime alternativo. A "avaliação terá de ser externa" - libertando os docentes da carga burocrática -, as quotas e a divisão da carreira devem acabar.

Falta um ano para as eleições legislativas. Hoje devem voltar a manifestar-se, em Lisboa, 100 mil ou mais pessoas contra as políticas educativas do Governo e o modelo de avaliação docente, em particular. Nas vésperas de nova manifestação histórica, a Oposição aproveitou para reafirmar o apoio aos docentes. Além do PSD, o BE anunciou um debate de urgência com a ministra sobre a avaliação, a 4 de Dezembro. Até a compreensão de um antigo ministro da Educação do PSD, actualmente assessor do presidente da República para as questões sociais, os professores receberam. David Justino refere que o sector está a ser demasiado "fustigado".

"Enquanto transformarmos a Educação num campo de batalha é difícil encontrar soluções e um rumo que possa unir as pessoas para uma educação de excelência", disse. A Fenprof concorda.

Mário Nogueira reconhece que está a travar "um combate político-partidário". E, se em Abril - aquando da assinatura do Memorando - os sindicatos quiseram pacificar o final do ano lectivo, agora, "no 1º período, não têm mais nada a perder. Não há mais espaço de manobra e não vamos dá-lo para meias medidas".

Hoje, devem ser anunciadas novas medidas de luta. Em cima da mesa está a possibilidade de convocação de uma greve e uma Marcha pela Educação que pretenderá unir aos professores, pessoal não docente, pais e alunos.

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